O que eu aprendi após 20 anos praticando meditação
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Vernon Maraschin

O que eu aprendi após 20 anos praticando meditação

Conheci a meditação em 1999 no meu segundo ano da faculdade mas foi só em 2003 que comecei a levar a sério. Nessas quase duas décadas de dedicação diária (com alguns altos e baixos), cheguei nestas cinco conclusões que acredito poderem ajudar a você nos seus treinos dessa técnica milenar.

1) O método não importa!

Mindfulness, zen, respiração, visualização, fixação do pensamento… meditação definitivamente não é uma única coisa! Existem muitos métodos e é bem provável que um deles se ajuste melhor para você. Além disso você ainda pode praticar com professores ao vivo, transmissões, gravações, aplicativos e retiros.

Sendo assim, pesquise bastante e não descarte a prática por não gostar de uma primeira experiência. Qualquer método praticado com disciplina e desprendimento pode conduzi-lo a uma série de benefícios. Considerar sua proposta melhor a dos demais é que acaba sendo prejudicial.

2) Dez minutos por dia já é suficiente

Quando ouvimos o relato de que meditantes experientes são capazes de treinar a mente por horas somos imediatamente afastados da proposta por nos parecer como algo exagerado. 

Após 20 anos praticando meditação descobri que a constância é mais importante do que a intensidade. Quem pratica meditação diariamente por dez minutos pode alcançar resultados mais expressivos do que quem treina vinte horas por dia uma vez por ano. Aqui vale o ditado: “Devagar se vai ao longe!”

3) Aumento do foco e da concentração

Sempre tive uma mente extremamente criativa e dispersa. Passei toda a minha vida escolar mais desenhando nos livros do que prestando atenção às aulas. Se fosse hoje, certamente eu seria diagnosticado com TDAH ou algo assim. Todos os meus esforços em pesquisar conceitos de gestão do tempo e produtividade foram para que eu pudesse alcançar o resto da humanidade, que aparentemente conseguia cumprir compromissos com muito mais facilidade que eu.

Descobri que nos dias em que pratico direitinho, sou muito mais produtivo, focado e atento. Consigo manter meus compromissos e levar meus projetos até o final. Ainda luto contra minhas dispersões, mas agora já sei o que fazer quando a desatenção me ataca.

4) Ansiedade e depressão

Com todos os problemas decorrentes da pandemia, percebi que eu estava apresentando sintomas de ansiedade e depressão. Para mim ainda é difícil falar sobre isso pois sempre me achei bem-resolvido e nunca imaginei que estaria nessa situação. Ledo engano!

Mesmo com todo meu treino em yôga e meditação foi fundamental buscar por acompanhamento médico e aceitar uma medicação. A combinação entre esses elementos com a meditação me foi muito mais útil do que tentar resolver as coisas sozinho.

Nesse contexto, descobri que a meditação não é uma bala de prata no combate dos transtornos da saúde mental, mas que pode ser uma excelente aliada para uma recuperação mais rápida, para a redução na intensidade das crises e para um maior espaçamento entre elas.

5) A iluminação existe!

Quando estudamos meditação ouvimos sobre os Mestres que atingiram a iluminação e que vivenciaram estados de consciência de pura compreensão e transcendência. À princípio isso parece fantasioso e exagerado, mas para mim era tudo muito curioso e estimulante.

Me dediquei em profundidade buscando vivenciar esses estados também e, ao longo dos anos, tive diversas experiências dignas de nota. Hoje percebo que o surgimento delas se deu de forma lenta e progressiva, respeitando a minha própria capacidade de assimilação. Uma delas se destaca entre às demais.

Certa vez, após uma longa prática, acessei um estado que nunca havia experimentado antes. Eu me dei conta de que havia uma total ausência de anseios ou desejos. Aquele momento era tudo o que eu queira e nada mais. Senti uma profunda plenitude e tive a impressão de que, nas escalas cósmicas do Universo, tudo está em perfeita ordem e equilíbrio, toda dor, sofrimento ou injustiça.

Curiosamente, pensei que eu poderia morrer assim! Eu estava tão completo e feliz que se a morte me levasse naquele instante, eu partiria sentindo que a vida valeu a pena. Não haviam mágoas, expectativas ou frustrações. Ali eu teria morrido em paz! Sei que isso pode parecer soturno, mas imaginei que seria uma grande dádiva se toda humanidade pudesse partir assim. Se todos soubessem desse lugar de profunda paz, talvez nossas relações fossem mais amáveis e nossas vidas mais plenas.

Essa sensação continuou comigo por mais ou menos meia hora e depois foi arrefecendo. Eventualmente as minhas inquietações retornaram e voltei à percepção cotidiana, com suas demandas e boletos para pagar. Mas esse dia foi um dos mais gratificantes em minha vida. Ele me ajudou a ser menos inquieto, a ter mais compaixão e a enxergar a vida com mais leveza. Espero que a continuidade da prática de meditação possa me conduzir a outras experiências assim.

E você? Já conhece a meditação? A quanto tempo pratica? Quais foram os seus maiores aprendizados? Conte para mim aqui nos comentários!

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