O que aprendi após 6 meses sem assistir vídeos curtos (TikTok, Reels e Shorts)
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Namavitta Vila Madalena

O que aprendi após 6 meses sem assistir vídeos curtos (TikTok, Reels e Shorts)

Foi durante uma prática avançada da DD que tive um daqueles momentos de clareza que só o Yôga proporciona.
Estava em uma permanência mais longa de paschimôttanásana — uma anteflexão sentada que naturalmente induz introspecção —, mas percebi algo inquietante: eu estava completamente disperso.
Meus pensamentos corriam de um lado para o outro, e até mesmo respirar de forma consciente e sustentar uma visualização simples parecia difícil.

Naquele momento, tive o insight: vídeos curtos estavam destruindo a minha atenção.
E ali mesmo, durante aquele ásana, fiz uma promessa silenciosa: nunca mais vou perder meu tempo com Reels, Shorts ou TikTok.

Já vinha notando os sinais:

• Dificuldades de concentração
• Baixa auto-estima
• Qualidade do sono fragilizada
• Impulsos de consumir açúcar

Mas foi naquela prática que a ficha caiu de verdade — a única solução seria o corte total.

Não era a primeira vez que tentava algo assim. Já havia testado um mês inteiro com a tela do celular em preto e branco (e funcionou bem, inclusive falei sobre isso aqui). Mas dessa vez seria mais radical:
Zero TikTok. Zero Reels. Zero Shorts.

Sem perceber, acabei trocando o hábito por outro tipo de microdopamina: jogos rápidos de xadrez no aplicativo do Chess.com.
À primeira vista, parecia inofensivo — afinal, é xadrez! Estratégia, lógica, foco… não é?!
Mas com o tempo percebi que ele também ativava o mesmo mecanismo de recompensa instantânea.
Cada vitória gerava aquele pequeno pico de dopamina, como a gratificação de uma máquina caça-níqueis.

Neste fim de semana, quebrei o jejum.

No sábado à noite, antes de dormir, abri o YouTube “só pra dar uma olhadinha”.
Entrei nos Shorts. Uma hora passou sem eu perceber.
No domingo de manhã, com o cérebro ainda no automático, repeti o erro. Mais uma hora e meia. Sumida.

E o efeito foi devastador.

Acordei no domingo com a mente embotada. Sem foco, sem energia, sem clareza.
Era como se eu tivesse esfregado lama no meu cérebro.
Passei o dia disperso, improdutivo, mal-humorado, com uma sensação de tédio desconfortável e, ao final do dia, uma baita dor de cabeça me deixou totalmente incapaz.

Depois de seis meses limpo, um fim de semana de recaída foi suficiente para me mostrar: isso é vício.
E não é só uma questão de produtividade. É saúde mental. É presença. É vida.

Agora, quero ficar para sempre longe desses vídeos. E mais do que isso: quero inspirar você a tentar também!

Eliminar vídeos curtos da minha vida me ajudou a:
• Retomar o meu ritmo de leituras.
• Aprendi a cozinhar melhor e tenho feito algumas receitas bem gostosas.
• Aumentei o tempo de permanência em alguns exercícios respiratórios e na prática da meditação.
• Voltei a trabalhar no meu livro. 

Percebi que a energia que antes era devorada por estímulos rápidos começou a fluir de forma mais plena, mais criativa, mais consciente.

Estamos em uma luta diária — e silenciosa — contra os algoritmos.
O primeiro combate acontece no momento em que abrimos os olhos e pegamos o celular.
Neste final de semana, eu perdi uma batalha.
Mas agora estou mais determinado do que nunca a vencer a guerra.

Quer ser meu aliado?


Vernon Maraschin é professor de Yôga e meditação desde 2004.

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